quarta-feira, 26 de março de 2008


140 MIL FIÉIS COMPARECEM À ENCENAÇÃO DA PAIXÃO DE CRISTO EM PLANALTINA

O feriado de sexta-feira da paixão atraiu fiéis das mais diferentes regiões do Distrito Federal ao morro da Capelinha, em Planaltina. Mesmo sob o sol forte, a caminhada íngreme de mil e cem metros ficou pequena diante do tamanho da fé dos presentes. Ao todo, 140 mil pessoas passaram pelo local durante o dia. A ressurreição de Cristo, momento mais aguardado, levou alguns fiéis às lágrimas. Após mais de quatro horas de encenação, o espetáculo foi encerrado com a queima de fogos de artifício, que duraram 20 minutos. Conforme o previsto, os 1,2 mil atores iniciaram a entrada nos portões às 16h. A multidão não escondia a ansiedade para assistir às primeiras palavras de Cristo. Alguns resolveram subir em árvores na esperança de conseguir um ângulo mais privilegiado. A atenção foi redobrada no momento em que Cristo apareceu acorrentado. A encenação chamou a atenção pelo excesso de realismo. Moradora de Planaltina, a aposentada Zilda Maria de Jesus, 79 anos, não fraquejou e acompanhou o espetáculo até o último instante. Mesmo com a pressão alta, ela levava a fadiga com muito senso de humor. “Já falaram para sentar, mas eu vim aqui para assistir até o final. Nem que isso me custe a vida deixarei de acompanhar essa subida”, brincava a moradora, que acompanha a encenação de Cristo há mais de 20 anos. Nem mesmo algumas autoridades conseguiam esconder a emoção no decorrer da encenação. O vice-governador Paulo Octávio preferiu assistir ao martírio de Cristo no meio da multidão. Amparado por alguns secretários do governo, ele tecia comentários ao longo das passagens. “O momento mais emocionante é o julgamento de Cristo. Eu sempre fico emocionado”, revelou o vice, que compareceu ao morro da Capelinha pela 11º vez. A encenação deste ano marca a 35º edição da Paixão de Cristo em Planaltina. O espetáculo deste ano teve um significado ainda maior para toda a equipe envolvida. Na última quarta-feira, o coordenador de encenação, Uberdan Marcelino Cardoso, 49 anos, teve uma parada cardíaca enquanto acompanhava os últimos preparativos. O médico encarregado no socorro, Valdir Ximenes, lembrou da importância do coordenador durante o espetáculo desta sexta-feira. “Ele não resistiu e morreu fazendo aquilo que mais gostava. Acho que isso serviu como um incentivo a mais para todos os envolvidos”, observou. O administrador de Brasília, Ayton Gomes, também teve participação na encenação. Seu papel foi fazer a amarração das cordas em Cristo no momento da crucificação. A tarefa é realizada por ele há mais de 16 anos. “Tenho o maior orgulho em fazer essa participação, por mais breve que ela possa ser”, conta. O espetáculo contou com um incentivo de R$ 500 mil reais do governo. O administrador, que está licenciado da Câmara Legislativa, conseguiu parte do recurso por meio de emendas parlamentares.


(Fonte: Correio Braziliense, por Thomaz Pires)



BREVE HISÓRICO DA VIA SACRA AO VIVO EM PLANALTINA DF:
Embora a festa mais famosa do país seja a de Nova Jerusalém, no interior de Pernambuco, os organizadores da encenação do Morro da Capelinha defendem que a festa em Planaltina tem maior participação popular. Enquanto em Nova Jerusalém o público recorde teria sido registrado em 2007, com 72 mil pessoas somando os oito dias de espetáculo, em Planaltina, num único dia de apresentação, mais de 100 mil pessoas tem comparecido nos últimos anos.
O Grupo Via Sacra ao Vivo de Planaltina DF é um grupo que se constituiu com o objetivo de realizar, anualmente, a encenação ao vivo da Via Sacra de Cristo no Morro da Capelinha, em Planaltina DF, na sexta feira santa.
Esse grupo originalmente foi formado por pessoas oriundas das três igrejas da cidade: São Sebastião, São Vicente e Santa Rita de Cássia localizadas respectivamente no Setor TRadicional, na Vila Vicentina e no Setor Residencial Leste (Buritis. As pessoas do grupo se transformam em atores amadores e encenam por ocasião sa semana santa, a Paixão Cristo. É uma representação ao vivo das cenas bíblicas e tradicionais da Igreja Católica que celebram a morte e a ressurreição de Jesus Cristo em 15 quadros cênicos, estruturados segundo os evangelhos, tradição e crença do povo e reconhecidos no conjunto como Via Sacra ou Via Crucis de Jesus.

MORRO DA CAPELINHA:
O Morro da Capelinha é localizado a aproximadamente 6 km do Centro de Planaltina, a cidade mais antiga do Distrito Federal.
Chega-se ao Morro da Capelinha pela BR 020 tomando-se a primeira entrada à direita antes da entrada oficial da cidade. Pelas rodovias DF-230, DF-130 e DF-140, também se chega lá.
A Encenação da Via Sacra de Cristo no Morro da Capelinha foi primeiro um sonho, uma idéia do Padre Aleixo, Pároco da cidade por 17 anos consecutivos desde 1969.
A Primeira encenação deu-se em 1973, transformando o sonho do Padre Aleixo em realidade sob a responsabilidade do grupo de jovens da paróquia "Juventude Unida Planaltinense - JUP", contanto com apoio das Associações Religiosas e sob a coordenação da irmã Celina. Esse mesmo grupo continuou encenando ainda nos anos de 1974 e 1975.
De 1976 a 1988 o evento passou a ser coordenado pelo movimento e Cursilhos da Cristandade, também com a participação das Associações Religiosas da Cidade.
Nessa fase o grupo Via Sacra consolidou-se, organizou-se, aprimorou-se e houve crescimento da encenação. Nesse período, o Grupo Via Sacra ao Vivo de Planaltina DF constituiu -se de fato e de direito com regimento interno, estatuto e uma organização exemplar, com coordenador geral e chefes de equipes.
Nessa fase o grupo desdobrava-se para realizar atividades a fim de angariar fundos para bancar o evento.
No ano de 1987, porém, o então Governador José Aparecido sancionou o Decreto nº 10339 por meio do qual a Via Sacra do Morro da Capelinha passou a fazer parte do calendário oficial de eventos do Distrito Federal, destinando recursos orçamentários para a sua realização.
De 1986 a 1988 a Administrador Regional de Planaltina-DF, Brasil Américo, consegue levar energia elétrica para o Morro da Capelinha e a construção de cenários e outros benefícios que contaram com a orientação do arquiteto Adenir José Oliveira, também da Administração Regional.
Os cenários e o muro construídos imitando a Jerusalém, onde se passou a Paixão de Cristo, deram maior brilhantismo à encenação que, com ares de realidade, até hoje comove milhares de pessoas que a assistem.
A partir daí a Via Sacra cresceu em arte, técnica, número de participantes (atores amadores) e conseqüentemente em número de pessoas que vão assistir à encenação, público este estimado hoje em 130.000 pessoas.
O Grupo Via Sacra encena, também, o Domingo de Ramos, a Santa Ceia (realizada na quinta-feira Santa) e a Via Sacra das Crianças, no Módulo Esportivo de Planaltina.
(Fonte: Singela história da Via Sacra ao Vivo de Planaltina-DF)