PLANALTINA (DF) – CULTURA QUE TEM HISTÓRIA
por Silvana Losekann
Na manhã do dia 23 de fevereiro, às 10h, aconteceu no auditório da
Faculdade de Planaltina (FUP), o III Seminário Cultura e Patrimônio Histórico
em Planaltina 2013. Organizado pela Associação dos Amigos do Centro Histórico
de Planaltina, pela Rádio Utopia FM e pelo Programa de Extensão Comunicação
Comunitária da Universidade de Brasília (UnB), o evento, que possui como
objetivo conseguir apoio de autoridades políticas para a proteção do patrimônio
histórico e cultural da cidade, contou com a presença de representantes do
poder público como membros do IPHAN, do Arquivo Público, deputados e
especialistas na área de turismo, museologia e história, e membros da
comunidade.
O seminário começou com homenagem ao professor Delfino Domingos, autor
da letra do Hino de Planaltina, falecido em 21 de fevereiro deste ano. O evento
foi dividido entre a mesa de abertura, com todas as autoridades presentes, e
três mesas técnicas, nas quais professores especializados em patrimônio e
história mostraram o potencial de recursos ambientais e da região e explicaram
o potencial cultural e histórico de Planaltina. Por fim, foi lida a Carta em
Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Paisagístico de
Planaltina – DF. Esta carta, que sugere às autoridades que a Região Administrativa
de Planaltina seja considerada parte de Programas Federais e Distritais de
Preservação e Revitalização do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e
Ambiental; existe desde 2009. Foi feita pelos organizadores do Seminário
que, a partir de Audiência Pública realizada para a defesa do patrimônio
histórico da cidade, participam também de Comissão criada para tomar
providências em relação ao tombamento e conservação do Centro Histórico da
cidade.
Simone Alves é fundadora da Associação dos Amigos do Centro Histórico,
organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), fundada em 2007,
por moradores de Planaltina. Sem ajuda do governo, eles buscam por meio de
seminários e eventos de pequeno porte, como exposições, chamar a atenção da
população para a preservação do cento histórico. A associação também recebe
auxílio do programa de extensão da UnB Comunicação Comunitária.
A professora da Faculdade de Jornalismo da UnB, Juliana Soares Mendes, é
participante do programa comunicação comunitária e explica a responsabilidade
da Faculdade de Planaltina (FUP) no seminário: “A FUP dá o apoio de
logística ao evento, como o empréstimo do auditório. Junto com Comunicação
Comunitária, somos parceiros na preservação dos patrimônios de Planaltina,
pensando no histórico e cultural mas também no ambiental. Ajudamos no
intermédio para se conseguir recursos para esses eventos e na articulação
desses movimentos com o poder público. Por exemplo, como agora que está
acontecendo a restauração da igrejinha de São Sebastião“.
Os problemas relatados no Seminários referem-se a sons de carros e
festas, além da depredação humana e ações do tempo que estão danificando a
estrutura dos prédios centenários. A Igreja de São Sebastião, por exemplo, faz
parte do centro histórico da cidade, formado também por casas centenárias,
feitas ainda da mistura de barro e palha das paredes, argamassa utilizada no
período colonial. No centro do Setor Tradicional de Planaltina, encontra-se a
Praça Coronel Salviano Monteiro Guimarães, a Pracinha, que abriga o Museu
Histórico e Artístico de Planaltina, prédio que data do século XIX e recebe
constantes exposições e mostras de artistas locais. Além disso, a Academia
Planaltinense de Letras, que tem 12 anos, também fica na Pracinha, e produz
eventos culturais como saraus de música e poesia, apresentações teatrais e
informativo de edições trimestrais sobre sua produção. No espaço da praça
existe ainda a realização de feiras de artesanato local, festas populares e
shows, como ocorreu também no último sábado, dia 23, o Festival Grito do Rock,
que reuniu bandas nacionais e internacionais.
Estavam
presentes a deputada distrital Arlete Sampaio (PT-DF), e o deputado distrital
Cláudio Abrantes (PPS-DF), que encenou a Paixão de Cristo de Planaltina durante
10 anos, presidente da frente parlamentar em Defesa da Cultura. Os dois
enfatizaram a inclusão de Planaltina como rota de turismo em Brasília, por
proporcionar tamanha cultura e história.
Nilvan Vasconcellos, administrador de Planaltina, disse que já existe
projeto para Complexo Cultural de Planaltina, com 1220 m² e lugar para 300
cadeiras. No entanto, o local aguarda aprovação e verba para ser construído.
Ao fim, para
os inscritos, houve sorteio de Licor de Jenipapo produzido por produtores
locais.
Saiba mais sobre Planaltina e sua cultura
por Brunna Ribeiro
Planaltina existe há 153 anos. Na sua história, ela contribuiu para a
formação do Distrito Federal: uma parte de seu território foi tomada para se
constuir a nova capital federal. Tanto é que em Planaltina existe a Pedra
Fundamental da criação de Brasília, fincada em 1922, na comemoração do
centenário da Independência brasileira de Portugal.
Apesar do descaso com o patrimônio, parte de seu tesouro material e
imaterial ainda é preservado. Pentecostes da Igreja Católica, festa que
simboliza a vinda do Espírito Santo aos Apóstolos depois da morte de Jesus. A
comemoração em Planaltina preserva o costume português de caminhar pelas ruas
da cidade ao som de músicas religiosas. Em 2012, a festa comemorou 130 anos e
250 pessoas a prestigiaram.
A mais famosa Via Sacra encenada no DF já tem 40 anos e é realizada na
região de Planaltina, no Morro da Capelinho, na BR DF 230. Em 2012 o público
foi estimado em 70 mil pessoas. Outra atração cultural é a Catira, dança
do folclore brasileiro, em que o ritmo musical se faz pela batida dos pés e
mãos é bastante tradicional na cidade, fato que levou a festa da Folia de Reis
a ser realizada em 2011 na cidade. Há também o tesouro natural da Estação
Ecológica Águas Emendadas, que é onde nascem duas importantes bacias
brasileiras, a Amazônica e a Platina, além de dispersar cursos de água que
desaguarão em rios e córregos.