quinta-feira, 25 de março de 2010

ENCANTADOS PELA LEITURA
(Correio Braziliense)

Desde a primeira vez em que colocou os pés na escola, Ana dos Reis Pereira de Sousa — na época, com sete anos — decidiu que seria professora. Apaixonou-se pelos livros de literatura e pelas poesias de Cecília Meireles: “Troc... troc... troc... troc... Ligeirinhos, ligeirinhos / Troc... troc... troc... troc... Vão cantando os tamanquinhos...”, já decorava a pequena Ana em uma escola rural no interior de Unaí, Minas Gerais. Quando entoou pela primeira vez a chamada "Canção dos tamanquinhos", o gosto pela leitura criou asas e a menina encantada com as coisas finalmente conseguiu realizar o sonho de ensinar.
O tempo passou e, agora, aos 46 anos, e depois de 25 em sala de aula, Ana quis voar mais alto e há duas semanas abriu uma sala de leitura na Escola Classe 04, na Vila Buritis, em Planaltina. A professora passou a fazer o que fizeram com ela: estimular as crianças a entrar no mundo da imaginação. Nem mesmo uma artrose foi suficiente para desanimar Ana, readaptada pela Secretaria de Educação do Distrito Federal para desenvolver atividades extracurriculares que exijam menos esforço físico. Ao contrário, a jovem senhora de cabelos curtos e vermelhos demonstra irreverência e força de vontade para trabalhar. Foi ela quem montou a sala de leitura, acompanhada pela colega de profissão Jane Marques Bacelar, 41 anos. “E com sinal verde da direção da escola”, fez questão de mencionar.
A sala de leitura, há cinco anos, era um desejo tanto das crianças quanto dos professores. Como não havia espaço para ler, um armário de ferro com rodinhas e cheio de livros era passado de sala em sala. “Era o chamado Bibliocar. Eles escolhiam o livro que queriam e devolviam depois que terminavam de ler”, contou a diretora, Sueleny Teles Pires Ghillioni. As prateleiras onde estão os livros de literatura ficam em uma salinha de poucos metros quadrados, mas ninguém precisa se espremer para ficar à vontade. Algumas carteiras e cadeiras ficam no canto da parede para quem quiser ler sentado, mas dois tapetes ao centro são ainda mais chamativos. Antes de entrar na sala, as crianças tiram os sapatos e logo se espalham pelo chão. Tudo é muito divertido na salinha batizada de Mundo Encantado da Leitura. As mesas são revestidas de papel de bichinhos e as paredes receberam pintura colorida para receber os alunos. Ao fundo, destaca-se o desenho de Peter Pan e Sininho saindo de um livro. Um pouco mais abaixo, vem a mensagem: “Tenha pensamentos felizes”. É como se, ao entrar na sala, as crianças entrassem na própria história contada nos gibis e livros infantis. Pelas paredes, também não podiam faltar as poesias de Cecília Meireles. Aluna do 4ª ano, Sara dos Santos, 9 anos, se entusiasma com toda a decoração: “Acho aqui muito lindo. O tapete é bem macio”. A coleguinha Raviny Kaylen do Carmo, da mesma idade, emenda: “Tem também muitos desenhos e as tias ensinam para a gente um monte de brincadeiras”.
Cerca de 500 alunos de quatro a 10 anos frequentam a sala pelo menos uma vez por semana. Para a Páscoa, as professoras organizaram um concurso para eleger o desenho mais bonito a partir da leitura de um livro. Uma centopeia de brinquedo é a mascote da turma e passeia pelas estantes. Nesse concurso, os pequenos terão de escolher um nome criativo para o bicho. Quem vencer ganhará um ovo de Páscoa. “Uma mãe já veio à escola para conhecer a centopeia e ajudar o filho a escolher um nome para ela”, contou Sueleny.
A inauguração da sala de leitura serve de incentivo até mesmo para aquelas crianças que não têm o hábito de ler. Várias brincadeiras são realizadas durante o tempo em que meninos e meninas usam o espaço. “Tem até guerra de almofadas”, contou a professora Ana dos Reis. Tudo para deixar o ambiente escolar ainda mais prazeroso. Mas ir para a sala de leitura não é sinônimo de bagunça: as crianças têm de obedecer regras, como falar baixo e colocar o livro no mesmo lugar onde o pegaram. Aquele que insistir em desrespeitar as normas é levado para uma cadeirinha amarela, como em Supernanny, onde fica sentado para refletir. Por enquanto, apenas alunos da Escola Classe 04 frequentam a sala de leitura, mas a intenção é abrir o espaço à visitação da comunidade. Para a professora Jane Marques, a iniciativa tem dado certo e pode beneficiar mais crianças. “É uma atividade prazerosa. A gente vê a alegria das crianças em virem para a sala”. Aliás, toda a decoração foi custeada pelas professoras da sala de leitura. Ana dos Reis teve de fazer um empréstimo. “Isso aqui não foi um gasto. Todo diamante, ouro e riqueza do mundo é pouco para esse investimento”, resumiu. Mas o melhor ainda está por vir. “Queria na verdade montar uma biblioteca com computador e todos os recursos, mas um dia eu chego lá”, garantiu a mulher dos sonhos encantados.

A Escola Classe 04 de Planaltina está, inclusive, aceitando doações de livros de literatura atualizados. Quem puder ajudar, pode ligar para 3901-4439.

quinta-feira, 18 de março de 2010

domingo, 14 de março de 2010

VIA SACRA DE PLANALTINA: QUANDO E COMO COMEÇOU
(www.viasacraplanaltinadf.com.br)


Há poucos dias do grande evento religioso de Brasília (a VIA SACRA de Planaltina), que acontecerá no dia 02 de abril, resolvemos contar aqui um resumo da sua história.
Tudo começou com um sonho em pleno meio dia. Pe. Aleixo Susin, então pároco, chegando no côncavo da confluência dos três morros, contemplando as belezas da paisagem, teve um sonho em pleno dia: “... parecia-me Sexta-Feira Santa à tarde e vi uma multidão lotando literalmente as encostas e os topos dos morros, enquanto era feita a Via Sacra ao Vivo”.
Em abril de 1973, portanto, há 36 anos. Primeiramente, com três procissões, partindo das três Igrejas Católicas: Matriz de São Sebastião, São Vicente de Paulo e Santa Rita de Cássia, encontraram-se e se concentraram ao pé do Morro da Capelinha. O grupo JUP da Paróquia, liderados pela Irmã Celina, encenou pela primeira vez, de um modo simples, a Paixão e Morte de Cristo, dando assim origem à tradicional Via Sacra ao Vivo de Planaltina-DF.
Após três anos, o Pe. Aleixo Susin, confiou a tarefa aos Cursilhistas, que com todo o entusiasmo e eficiência, realizaram a Missão. E a multidão foi crescendo de tal forma que já não cabia mais na esplanada no alto do morro e foi necessário transferir a encenação para onde atualmente está sendo realizada.Nos anos seguintes, as encenações foram crescendo em técnica e em público, porém, sempre com o caráter amador, sendo aplicados recursos como microfone, carro de som, figurinos, etc.
O grande salto na Via Sacra aconteceu em 1986, quando o evento da Semana Santa em Planaltina, foi incluído no Calendário Oficial de Eventos do Distrito Federal. A partir de então, os espetáculos tiveram um salto em qualidade, atraindo milhares de pessoas de diversas regiões, bem como a atenção da imprensa. A dedicação dos membros do grupo e a parceria com o governo foram decisivas no crescimento das encenações. Em 1991, o historiador planaltinense Mário de Castro, após intensa pesquisa, chegou ao texto usado pela Via Sacra até hoje.
O grupo também deixou de lado os sistemas de som mais simples, partindo para modernas estruturas de sonorização e iluminação, bem como a utilização de play back para melhor audição por parte do público. A cada ano as comemorações da Semana Santa crescem em qualidade e em público.
A introdução do Domingo de Ramos, Santa Ceia, Via Sacra da Criança, além dos shows de música, estimularam o interesse tanto da população como da mídia, sendo que a Via Sacra é hoje, o evento popular que mais atrai a atenção da imprensa e do público em todo o DF e região.