
Há quase 40 anos residindo em Planaltina, eu pensava que o descaso e a falta de respeito de alguns “Tradicionais” da cidade fosse somente para com os “forasteiros” (principalmente nordestinos) que aqui chegaram e se estabeleceram, originando assim novos logradouros, tais como os Buritis I, II, III e IV, o Arapoangas e outros mais.
É perceptível, também, o desrespeito que eles nutrem para com a “sua” própria cidade, a sesquicentenária Planaltina, pois pouquíssimos são seus antigos casarões (identidade histórica, cultural e patrimonial da cidade) ainda de pé, os quais também estão ameaçados pela especulação imobiliária e pela insensibilidade gananciosa dos seus “Tradicionais” proprietários. E como não se bastasse isso, eles (os “Tradicionais”) mais uma vez demonstram insensibilidade e desrespeito à memória dos mortos que muito fizeram por Planaltina.
Mentes “iluminadas” pelo breu das trevas retomaram a ideia de construírem uma praça (ou coisa parecida) sobre o antigo cemitério da cidade, ignorando, dessa forma, os sentimentos dos familiares dos que ali foram sepultados. Alegam essas mentes que ali estão somente os “candangos anônimos” e que o local está sendo utilizado como motel e point para uso de drogas.
E o que essas mesmas mentes têm a dizer sobre a recém-inaugurada Praça do Estudante? Que outra utilidade ela teria após um determinado horário do dia?
Já que se autodenominam TRADICIONAIS, eles deveriam ser os primeiros a buscarem meios de preservarem a história da cidade e a memória daqueles que ajudaram a escrevê-la, sejam eles pioneiros ou forasteiros, Tradicionais ou “candangos anônimos”, proprietários ou arrendatários dessas terras mestredarmenses.
(por Joésio Menezes, membro da Academia Planaltinense de Letras - APL)